Variações cambiais, foco na relação euro e dólar

O euro é a moeda oficial de 19 países da União Europeia (UE), que formam a chamada zona do euro. O dólar americano é a moeda oficial dos Estados Unidos da América (EUA) e de outros países que o adotam como referência. A taxa de câmbio entre o euro e o dólar é o preço de um euro em dólares, ou seja, quantos dólares são necessários para comprar um euro. Essa taxa de câmbio é determinada pelo mercado, de acordo com a oferta e a demanda por cada moeda, que são influenciadas por diversos fatores, como o crescimento econômico, a inflação, a política monetária, a balança comercial, as expectativas dos agentes econômicos, as crises financeiras, as tensões geopolíticas, entre outros.

Nos últimos anos, a taxa de câmbio entre o euro e o dólar passou por grandes flutuações, refletindo as mudanças no cenário econômico e político global. Segundo dados do Exchange Rates¹, a taxa de câmbio média anual do euro para o dólar foi de 1,1815 em 2018, 1,1195 em 2019, 1,1422 em 2020 e 1,1886 em 2021 (até novembro). Esses valores mostram que o euro se valorizou em relação ao dólar em 2020 e 2021, após ter se desvalorizado em 2018 e 2019. Os principais fatores que explicam essa variação cambial são:

– A pandemia da Covid-19: a pandemia da Covid-19 afetou profundamente a economia mundial, provocando uma recessão global, uma queda na atividade produtiva, um aumento do desemprego, uma redução do comércio internacional, uma elevação da dívida pública, entre outros efeitos negativos. Para enfrentar a crise, os países adotaram medidas de estímulo fiscal e monetário, como o aumento dos gastos públicos, a redução dos impostos, a diminuição das taxas de juros, a expansão da oferta de moeda, a compra de ativos financeiros, entre outras. Essas medidas tiveram impactos diferentes sobre as moedas, dependendo da magnitude, da duração e da credibilidade das políticas adotadas. No caso do euro, a UE lançou um plano de recuperação de 750 bilhões de euros, financiado pela emissão de dívida comum, o que fortaleceu a confiança na moeda e na integração europeia. Além disso, o Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de juros básica em zero e ampliou o programa de compra de ativos para 1,85 trilhão de euros, o que aumentou a liquidez e o crédito na zona do euro. No caso do dólar, os EUA aprovaram pacotes de estímulo fiscal de cerca de 5 trilhões de dólares, o que elevou o déficit e a dívida pública do país, gerando preocupações sobre a sustentabilidade fiscal e a inflação. Além disso, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, reduziu a taxa de juros básica para quase zero e expandiu o seu balanço para mais de 8 trilhões de dólares, o que aumentou a oferta de dólares no mercado internacional, reduzindo o seu valor.

– A política monetária: a política monetária é o conjunto de ações dos bancos centrais para controlar a oferta de moeda, a taxa de juros e a inflação. A política monetária afeta a taxa de câmbio, pois altera a rentabilidade e a atratividade dos ativos financeiros denominados em cada moeda. Em geral, uma política monetária expansionista, que reduz a taxa de juros e aumenta a oferta de moeda, tende a desvalorizar a moeda, pois diminui o seu custo de oportunidade e incentiva a sua saída para outros países. Já uma política monetária contracionista, que aumenta a taxa de juros e reduz a oferta de moeda, tende a valorizar a moeda, pois aumenta o seu custo de oportunidade e atrai a sua entrada de outros países. Nos últimos anos, a política monetária entre o euro e o dólar foi divergente, o que contribuiu para a variação cambial. Enquanto o BCE manteve uma postura acomodatícia, mantendo a taxa de juros básica em zero e ampliando o programa de compra de ativos, o Fed iniciou um processo de normalização monetária, elevando a taxa de juros básica de 0,25% em 2015 para 2,5% em 2018 e reduzindo o seu balanço de 4,5 trilhões de dólares em 2017 para 3,8 trilhões em 2019. Essa divergência favoreceu o dólar em relação ao euro, pois aumentou o diferencial de juros entre as duas moedas e tornou o dólar mais atraente para os investidores. No entanto, a partir de 2020, o Fed reverteu a sua política monetária, reduzindo a taxa de juros básica para quase zero e expandindo o seu balanço para mais de 8 trilhões de dólares, em resposta à crise provocada pela pandemia da Covid-19. Essa mudança favoreceu o euro em relação ao dólar, pois diminuiu o diferencial de juros entre as duas moedas e tornou o euro mais atraente para os investidores.

– A balança comercial: a balança comercial é o saldo entre as exportações e as importações de bens e serviços de um país. A balança comercial afeta a taxa de câmbio, pois altera a demanda e a oferta por cada moeda no mercado internacional. Em geral, um superávit comercial, que significa que as exportações são maiores do que as importações, tende a valorizar a moeda, pois aumenta a sua demanda por parte dos compradores estrangeiros. Já um déficit comercial, que significa que as importações são maiores do que as exportações, tende a desvalorizar a moeda, pois aumenta a sua oferta por parte dos vendedores nacionais. Nos últimos anos, a balança comercial entre o euro e o dólar foi favorável ao euro, o que contribuiu para a sua valorização em relação ao dólar. Segundo dados do Eurostat², a zona do euro teve um superávit comercial de 227,7 bilhões de euros em 2018, 225,7 bilhões em 2019, 217,3 bilhões em 2020 e 191,5 bilhões em 2021 (até setembro). Já os EUA tiveram um déficit comercial de 621,0 bilhões de dólares em 2018, 576,9 bilhões em 2019, 678,7 bilhões em 2020 e 706,4 bilhões em 2021 (até outubro). Esses dados mostram que a zona do euro exportou mais do que importou, enquanto os EUA importaram mais do que exportaram, o que aumentou a demanda por euros e a oferta de dólares no mercado internacional, elevando o valor do euro em relação ao dólar.

Portanto, a variação cambial entre o euro e o dólar nos últimos anos foi marcada por altos e baixos, refletindo as mudanças no cenário econômico e político global. O euro se valorizou em relação ao dólar em 2020 e 2021, após ter se desvalorizado em 2018 e 2019. Os principais fatores que explicam essa variação cambial são a pandemia da Covid-19, a política monetária e a balança comercial.

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