O minério de ferro é um dos principais insumos para a produção de aço, que é usado em diversos setores da economia, como construção civil, indústria automotiva, máquinas e equipamentos, entre outros. O preço do minério de ferro é determinado pela oferta e demanda global, que são influenciadas por fatores como o crescimento econômico, a política dos países produtores e consumidores, as condições climáticas, os custos de transporte e as questões ambientais. Nos últimos anos, o preço do minério de ferro passou por grandes variações, atingindo níveis históricos de alta e baixa.
Uma das principais referências para o preço do minério de ferro é o índice Platts Iron Ore Index (IODEX), que mede o valor do minério de ferro fino com teor de 62% de ferro, entregue no porto chinês de Qingdao. Outra referência é o índice Metal Bulletin Iron Ore Index (MBIOI), que mede o valor do minério de ferro fino com teor de 65% de ferro, entregue no porto chinês de Tianjin. Esses dois índices são baseados em negociações realizadas no mercado à vista (spot), que representa cerca de 30% do comércio global de minério de ferro. O restante é negociado por meio de contratos de longo prazo, que são ajustados periodicamente de acordo com os preços de referência.
Segundo dados do World Bank, o preço médio anual do minério de ferro foi de US$ 69,67 por tonelada em 2018, US$ 93,08 em 2019, US$ 103,77 em 2020 e US$ 163,75 em 2021 (até novembro). Esses valores mostram que o preço do minério de ferro teve uma forte recuperação após a queda registrada em 2015, quando atingiu o menor nível desde 2005, de US$ 55,82 por tonelada. Os principais fatores que explicam essa recuperação são:
– A demanda chinesa: a China é o maior consumidor de minério de ferro do mundo, respondendo por cerca de 70% das importações globais. Nos últimos anos, a China aumentou a sua demanda por minério de ferro de alta qualidade, visando reduzir a poluição e aumentar a eficiência das suas siderúrgicas. Além disso, a China implementou medidas de estímulo fiscal e monetário para combater os efeitos da pandemia da Covid-19, impulsionando os investimentos em infraestrutura e a produção de aço. Segundo dados da World Steel Association, a produção de aço bruto da China foi de 928,3 milhões de toneladas em 2018, 996,3 milhões em 2019, 1.053,0 milhões em 2020 e 1.010,4 milhões em 2021 (até outubro), representando cerca de 55% da produção mundial.
– A oferta restrita: a oferta de minério de ferro foi afetada por diversos eventos que reduziram a capacidade produtiva dos principais países exportadores, como Austrália, Brasil e África do Sul. Entre esses eventos, destacam-se: o rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro de 2019, que levou à paralisação de várias operações da Vale, a maior produtora de minério de ferro do mundo; os ciclones que atingiram a costa oeste da Austrália, em março de 2019 e fevereiro de 2020, afetando as atividades das mineradoras BHP, Rio Tinto e Fortescue; a pandemia da Covid-19, que provocou restrições sanitárias e logísticas em vários países, impactando a produção e o transporte de minério de ferro; e os conflitos sociais e políticos na África do Sul, que geraram instabilidade e violência no país, prejudicando a indústria de mineração.
– A desvalorização do dólar: o dólar é a moeda utilizada nas transações internacionais de minério de ferro. Nos últimos anos, o dólar se desvalorizou frente a outras moedas, como o euro, o iene e o yuan, devido à política monetária expansionista adotada pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, para estimular a economia americana diante da crise provocada pela pandemia da Covid-19. A desvalorização do dólar torna o minério de ferro mais barato para os compradores que usam outras moedas, aumentando a sua demanda e, consequentemente, o seu preço.
No entanto, o preço do minério de ferro também enfrenta muitas incertezas e desafios para o futuro, como a evolução da pandemia e das variantes do vírus, as tensões geopolíticas e comerciais entre as grandes potências, as mudanças regulatórias e tributárias nos países consumidores, as restrições ambientais e sociais à exploração e ao consumo de minério de ferro e de aço, a transição energética para fontes renováveis e de baixo carbono, a inovação tecnológica e a concorrência de novos produtores, como o Peru, o Canadá e a Mongólia. Esses fatores podem afetar tanto a oferta quanto a demanda por minério de ferro, alterando o seu equilíbrio de mercado e o seu preço.
Portanto, o preço do minério de ferro nos últimos anos foi marcado por altos e baixos, refletindo a complexidade e a dinâmica do mercado global de minério de ferro e de aço. O minério de ferro continua sendo um recurso estratégico e valioso, mas também enfrenta muitos desafios e riscos, que exigem uma constante adaptação e monitoramento dos agentes econômicos envolvidos.